domingo, 16 de agosto de 2009

A Tv e o Vídeo na sala de aula

Há muito tem se falado que vivemos em uma cultura "oculocêntrica". Somos constantemente bombardeados por imagens projetadas para os mais variados fins. Do simples outdoor ao complexo universo da realidade virtual, nosso sentido mais apurado é submetido à excitação. Um pouco de senso de oportunidade permite ao professor trazer para o seu lado as contribuições que tais imagens podem trazer ao seu trabalho. Caso imediato pode ser pensado na utilização do vídeo e da tv em sala de aula.
Para o caso específico das aulas de História, o trabalho com filmes, p.e., pode ser muito gratificante. Obviamente, não se trata de uma expectativa de trazer a tona e apresentar aos alunos a ideia de "realidade em si", mas sim buscar subsídios para a devida reflexão e relativização dos eventos passados. Penso que em minhas ações sou bem sucedido quando da utilização de tal ferramenta.

Contribuição do computador para a atividade pedagógica

A utilização do computador, principalmente uma máquina com acesso à internet, pode ser de grande valia na articulação do processo ensino/aprendizagem. Além de suscitar uma dinamização da prática pedagógica - via trabalho com ferramentas desenvolvidas especificamente para este fim -, o universo virtual permite aos professores e alunos o contato com um imenso leque de informações. Um pouco de esforço e bom senso resulta na transformação de tais informações em conhecimento.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Do sonho aos ares

Transitando na contramão da proposta, elejo como vetor para minhas considerações a negação do lugar comum. Pensar o desenvolvimento tecnológico apenas pelo viés das benesses é algo temerário.
Lembro-me de um filme do início da década de 1980, cujo nome é “Os Deuses Devem Estar Loucos”. Nesta obra a trama gravita em torno das venturas e desventuras causadas por uma pequena garrafa de coca-cola lançada de um avião sobre uma tribo isolada em meio ao deserto do Kalahari, na África. Acreditando ser um presente dos Deuses, os bosquímanos (nome da tribo) lançam-se ao uso indiscriminado desse “presente divino”, um objeto que, embora estranho, apresenta uma série de utilidades. Dispensável até então, a garrafa de coca-cola logo se constituí como objeto de disputas e desavenças.
A simples garrafa, metáfora das inovações tecnológicas contemporâneas, é cara na medida em que me permite representar o fascínio exercido pelo computador. Desconhecido para maioria das pessoas até bem pouco tempo atrás, esta máquina veio a se constituir como um critério de adesão (ou exclusão) não só à sociedade da informação. Não saber “lidar com o computador” significa estar desconectado do mundo.
Não quero negar o dado. Como nos lembra o poeta Pablo Milañes: “A história é um carro alegre, cheio de gente contente, que atropela indiferente todo aquele que a negue”. O que me motiva a reflexão é a expectativa de não se tomar o desenvolvimento tecnológico ou, mais especificamente, a difusão da informática, como um fim em si. As inovações suscitadas neste meio devem ser motivo de “um deixar-se seduzir” apenas na medida em que de fato venham a contribuir para um aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem. A nós, professores, pelo menos em tese, cabe certa dose de ceticismo e criticidade em relação à disseminação indiscriminada deste aparato tecnológico. Não me refiro à utilização do computador em si, mas sim às implicações e à relevância deste procedimento em nossas práticas pedagógicas. Neste sentido, algumas indagações são possíveis: uso o computador porque ele me é necessário, porque ele me é imposto, ou porque os outros usam?
Não há dúvidas de que a difusão da informática trás consigo muitas benesses. Não consigo imaginar minha vida profissional (talvez também a pessoal) sem as facilidades oferecidas, por exemplo, pelas novas tecnologias de mídia. Por outro lado, até o presente, não me é clara a detecção de melhorias significativas nas relações entre as pessoas. Muito pelo contrário. A ausência de reflexão sobre os desdobramentos da utilização deste tipo de ferramenta não raro tem resultado num distanciamento cada vez maior entre as pessoas. Um exemplo: alunos que moram a 50 metros uns dos outros preferem comunicar-se via MSN e Orkut do que pessoalmente. O toque, o cheiro, o olhar se esvaem a cada tecla acionada.
Reza a lenda que Santos Dumont teria cometido suicídio quando viu a maior de suas invenções, o avião, ser usado com fins bélicos. A hipotética causa mortis do nosso inventor maior não poderia ser interpretada como um aviso em relação às possíveis consequências do uso indiscriminado, despropositado e não ponderado das tecnologias da informática? No limite, um exercício de reflexão não deixa de transparecer traços de similaridade entre essas situações distintas.